Efeitos da poluição do ar sobre a saúde
- Dr. Joaquim Ribeiro
- 15 de mai. de 2016
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A organização mundial de saúde (OMS) estima um aumento de 76% no risco de mortalidade por doenças cardiovasculares, relacionadas à exposição à poluição atmosférica, que apresenta entre seus contribuintes o material particulado (MP). Muitas vezes os efeitos tóxicos do MP são desencadeados pela alteração de parâmetros celulares como o estresse oxidativo, que é uma desregulação na capacidade antioxidante e a produção de radiais livres. O MP é denominado de acordo com suas dimensões, podendo variar entre MP≤0.1µm, MP≤2.5µm e MP10µm (MP0.1, MP2.5 e MP10), sendo então classificados em partículas ultra finas (PUF), partículas finas (PF) e MP10 respectivamente. Como podemos ver, seu tamanho lhe confere alta capacidade de permeabilizar as células pulmonares, atingindo a circulação, e logo, os demais sistemas.
A prática de exercícios físicos é altamente benéfica à saúde, contudo, em um ambiente atmosférico poluído, os benefícios são contrabalanceados pelos malefícios. Isso porque a inalação de poluentes atmosféricos está atrelada ao volume minuto (Vm) inalado e a frequência cardíaca (FC). Portanto, um adulto saudável de ~70Kg realiza ~15ƒ/minuto, conhecendo o volume corrente (VC) que é ~7mL/Kg de massa corporal, então se calcula o Vm pela multiplicação destes fatores (Vm=VC.ƒ,), chegando a ~7,5mL/min. de ar, que atingem os pulmões. Logo, se pode calcular a inalação do PM através da fórmula [nº partículas] x massa do PM x VC.
Na Universidade Federal do Rio Grande, uma equipe de pesquisadores estudam os efeitos que este poluente podem causar sobre o desbalanço oxidativo e processos inflamatórios, nos mais variados órgãos e sistemas. Estudos recentes deste grupo demonstram que o MP2.5 é altamente tóxico, contendo metais em sua composição. As frações de metais contidas no MP2.5 podem desencadear doenças pulmonares, cardíacas, renais e hepáticas,
Até o que se sabe, estas partículas ficam em suspensão no ar, até serem inaladas, promovendo inflamação do parênquima pulmonar e se espalhando para outros órgãos. Ainda, as partículas que não atravessam para a circulação, podem voltar para a atmosfera no momento da expiração. É por esse motivo, que fumantes, ou trabalhadores de locais poluídos, podem apresentar grande risco aqueles que compartilham do mesmo ambiente. Isto porque aqueles que estavam em um ambiente poluído ou fumando, ao expirar, eliminam as substancias toxicas, estas que retornam para o ar,
Um dos resultados do grupo de pesquisa da FURG, foi a capacidade do MP2.5 de se acumular nas paredes dos órgãos, inclusive dos pulmões, e assim, devido a pressão expiratória, expulsar estas frações de poluição horas após terem sido inaladas.
